Por que marcas sem propósito são fadadas ao fracasso?

O ritmo acelerado da nossa rotina tem motivado as pessoas a procurarem uma vida com mais propósito. A pergunta que está em alta e muito presente em livros, palestras e documentários tem sido uma só: qual é a minha função no mundo e como estou contribuindo para que ele seja melhor?

Trabalhar para ganhar dinheiro e adquirir bens deixou de ser prioridade. Tem uma frase do Mujica, político uruguaio, que resume bem esse nosso novo momento: “quando compramos algo, não pagamos com dinheiro. Pagamos com o tempo de vida que tivemos que gastar para ter aquele dinheiro”. É isso! Cada vez mais as pessoas estão se ligando de que quanto mais se quer, mais se trabalha. E, hoje, o tempo com a família e o lazer estão mais valorizados, mudando completamente a nossa relação com o consumo.

Menos consumo, mais propósito.

O mundo está vivendo uma incrível transformação: o Spotify faliu as gravadoras, enquanto a Netflix faliu as locadoras. A Uber incomoda os taxistas, e a Airbnb, os hotéis. Apesar de isso não ser novidade, parece que ainda existem marcas que preferem ignorar essa realidade.

Mais que uma identidade visual e um quadro de missão, visão e valores, marcas são construídas pela paixão e pelo papel delas no mundo. Marcas apaixonantes (e bem-sucedidas) são o encontro entre o desejo das pessoas, a oportunidade de mercado e, principalmente, o que elas fazem de diferente pelo bem da coletividade.

André Carvalhal, um dos grandes nomes da moda no Brasil, que por anos foi o diretor de Marketing da Farm e transformou a marca em queridinha das cariocas, esteve em Curitiba para falar sobre seu mais recente livro Moda com Propósito. Sorte a nossa: com uma palestra incrível, ele explicou como é fácil observar a relação entre desejo, produto e propósito no mercado da moda. Tanto que Carvalhal, antes desse lançamento,  já havia construído um kit de autoajuda para as marcas em seu livro A Moda Imita a Vida. Ele contou como o estilo de vida das pessoas tem influenciado na construção das marcas no mercado da moda e, ainda, comparou a trajetória de uma marca com a vida das pessoas.

Marcas também nascem.

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“Criar marcas é um processo como o nosso próprio desenvolvimento: é orgânico. A marca vai acontecendo, vai se criando”.

Da mesma forma que nós não nascemos prontas e vamos nos descobrindo, nos transformando e aprendendo (e tudo o que fazemos resulta em quem somos), com as marcas acontece a mesma coisa. Segundo Carvalhal, somos ansiosos em achar que quando se cria uma marca ela já está totalmente pronta. “Isso não existe. Criar marcas é um processo como o nosso próprio desenvolvimento: é orgânico. A marca vai acontecendo, vai se criando”, explica.

“A jornada pelo autoconhecimento nos ajuda a construir um propósito”.

Como acontece em nossas vidas, ao longo desse processo de criação também há uma série de situações difíceis que somos obrigados a encarar. Para Carvalhal, essa é uma etapa muito enriquecedora. “A jornada pelo autoconhecimento nos ajuda a construir um propósito”, esclarece. Esse é o pulo do gato para ser uma marca excepcional.

A vida mudou, e as marcas também precisam mudar.

Para Carvalhal, o momento em que estamos vivendo agora é o fim de um grande ciclo. O mundo que a gente conheceu e as coisas que faziam parte da nossa vida até então se transformaram e, hoje, precisamos que um novo mundo surja mais alinhado como nossas necessidades e valores. “Continuamos fazendo as coisas como aprendemos lá na faculdade, lá no primeiro emprego. Só que elas hoje não têm mais sentido”, afirma.

Estamos vivendo uma inversão de valores com muitas possibilidades e formatos novos para serem pensados. Por isso, as marcas precisam se reinventar.

Nesse cenário em que as pessoas estão mudando seus valores, hábitos e estão mais entregues à vida e ao seu propósito, as marcas não podem acreditar que vão poder continuar vendendo do jeito que vendiam, produzindo como produziam ou comunicando como comunicavam.

Por exemplo: hoje um smartphone pode construir negócios. As próprias pessoas estão recriando peças do seu guarda-roupa, postando fotos e vídeos no Instagram e vendendo pela internet. Por estarem próximas de outras pessoas que compartilham desta mesma necessidade, acabam conquistando muito mais relevância que marcas já consolidadas.

Estamos vivendo uma inversão de valores com muitas possibilidades e formatos novos para serem pensados. Por isso, as marcas precisam se reinventar.

Em resumo, não seja uma marca medíocre.

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Assim como para as pessoas é um momento muito importante de resgate, também é uma chance para as marcas resgatarem o propósito que um dia elas tiveram. Avaliando os números abaixo, que o próprio Carvalhal destacou na palestra, é bem fácil concluir que o primeiro movimento da sua marca rumo ao estrelato deve envolver a opinião das pessoas com as quais ela deseja se envolver. Confira e depois me conta se não é verdade:

71% dos brasileiros só consomem produtos e serviços que geram identificação com seus valores, ideais ou crenças

Até bem pouco tempo atrás, a coisa mais importante para uma marca era construir um estilo de vida. Mas o que aconteceu nos últimos 10 anos? Nós deixamos de ser uma só coisa e, logo, as marcas não vão conseguir mais ser tudo o que as pessoas querem. O que vai, de fato, conectar as pessoas com as marcas daqui para frente é o que a marca acredita, o que a marca faz e apoia, onde e como ela está atuando. Elas precisam criar relações mais profundas com as pessoas. Por exemplo, uma marca que se denomina surfwear precisa entender que se o mar estiver sujo não existe surf.

91% dos brasileiros acreditam que as empresas deveriam dar a mesma importância para os negócios e para a sociedade em que estão inseridas

Qualquer negócio precisa do planeta (e seus recursos) e das pessoas (porque são elas que produzem e que consomem o que é produzido). Enquanto instituição, são dessas duas frentes que nós precisamos cuidar daqui para frente.

55% dos consumidores brasileiros estão dispostos a pagar mais por marcas que tenham um propósito

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Olha isso: as pessoas estão mudando a relação delas com o dinheiro e estão dispostas a pagar mais caro por algo temporal e que durar mais. Ainda tem muita gente comprando um monte de coisa descartável, mas já existe um movimento grande de pessoas que estão valorizando outros fatores.

Se você se interessou pelo tema e quer entender melhor como sua marca pode atuar com propósito, tem esse curso bem irado aqui na Aldeia!

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