Esqueça agora mesmo seu medo de escrever

O medo de escrever está por tudo: mensagens de WhatsApp, e-mails, relatórios, legendas de fotos, posts para blogs, etc… Mesmo construindo centenas de textos diariamente sem perceber, muitas pessoas ainda veem o ato de escrever bem como um dom celestial ou um privilégio para poucos.
Após mais de cinco anos escrevendo praticamente todos os dias no ofício de jornalista, tenho a cada dia mais certeza de que essa é uma habilidade altamente democrática, possível para qualquer pessoa.
Independente da área em que você trabalhe, tenho a certeza de que a possibilidade de escrever mais e melhor sempre será útil. Não é preciso criar obras literárias, mas sim ter a capacidade de redigir um texto funcional e compreensível.
E para provar que isso não é mero discurso motivacional, apresento a seguir algumas dicas sobre como você pode perder seu medo de escrever, aprimorando esse talento sem depender de fórmulas mágicas:

1) Defina um objetivo.

Antes de sair escrevendo freneticamente, decida onde você quer chegar. Para isso, defina um escopo e alguns objetivos. É um texto acadêmico? Um post para um blog? Um textão para o Facebook? Um e-mail para atrair leads? Cada uma dessas escolhas vai permitir que você estabeleça um padrão de linguagem (formal, informal, séria, bem-humorada, etc.) e um modelo de escrita (frases curtas, parágrafos longos, palavras coloquiais, e por aí vai..).
Depois, liste as informações que você deseja compartilhar na sua mensagem. Liste tudo em tópicos e verifique se é possível unificar todos eles em um único texto. Isso vai evitar devaneios, favorecendo a coerência do material final.

2) Esqueça a lógica. Busque embalo.

Ao pensar no processo de criação de um texto, o medo de escrever te faz imaginar um happy path (caminho perfeito) no qual os parágrafos nascem linearmente:

O primeiro passo é criar um início arrasador. Depois, argumentos sólidos e ideias claras favorecem o desenvolvimento. Por fim, um encerramento impactante faz seus leitores suspirarem. Pronto, nasceu seu texto viral.

Isso é lindo, mas nem sempre viável. Nossas ideias aparecem de forma não-linear. Portanto, nem sempre a primeira coisa que vai surgir na sua cabeça é aquele parágrafo inicial espetacular para o texto. Aceite isso ou o medo de escrever vai te paralisar com um bloqueio mental que vai prejudicar todo o processo de escrita.
Diante da falta de ideias e da pressão de uma tela em branco, saia escrevendo o que vier em sua cabeça, mesmo que não faça muito sentido. Isso vai garantir a tração inicial para que suas ideias fluam e o texto ganhe vida. Após dar vazão aos seus pensamentos, volte ao começo e produza uma introdução que faça sentido.

3) Leia muito e acumule referências.

Aqui a lógica é simples. Para avaliar com precisão a qualidade de um texto você precisa de boas referências. E a melhor maneira de fazer isso é ler constantemente. Vale tudo: da bula de remédio aos clássicos da literatura. Para não ter medo de escrever, não tenha medo de criticar suas leituras. Identifique os erros dos textos ruins para não cometer os mesmos deslizes. Aprenda com os textos que admira e tente fazer construções iguais ou melhores sem copiar.

4) A melhor revisão é feita em voz alta.

Depois de muito tempo encarando um texto seu olhar começa a ficar viciado, o que prejudica o processo de revisão do material final. Contorne essa dificuldade fazendo uma leitura em voz alta. Assim você será forçado a ler cada palavra individualmente, o que torna mais fácil a identificação de cacofonias e erros de grafia ou construção.

5) Elimine seu medo de escrever pedindo feedback.

Mais do que talento, escrever é um exercício de prática. Sendo assim, só é possível melhorar produzindo diariamente. Pode ser em textões do Facebook, posts no Medium ou em um arquivo sigiloso no Word.
Mas lembre-se que um olhar externo ajuda muito. Peça para alguém cujos textos você admire pare revisar e dar sugestões. Verifique se as ideias fazem sentido e reescreva tudo, se for o caso.

Dicas finais com exemplos práticos para perder de vez seu medo de escrever.

Há um bom tempo encontrei na Internet essas dicas bem-humoradas de escrita. Desconheço a autoria original, mas compartilho aqui essa versão publicada no Guia do Estudante:

1. Deve-se evitar ao máx. a utiliz. de abrev. etc.
2. É desnecessário empregar estilo de escrita demasiadamente rebuscado. Tal prática advém de esmero excessivo que raia o exibicionismo narcisístico.
3. Anule aliterações altamente abusivas.
4. não esqueça as maiúsculas no início das frases. e Não As Utilize Em Contextos Inadequados.
5. Evite lugares-comuns como o diabo foge da cruz.
6. O uso de parênteses (mesmo quando for relevante) deve sempre ser ponderado.
7. Estrangeirismos estão out; palavras de origem portuguesa estão in.
8. Evite o emprego de gíria, mesmo que pareça nice, sacou?? …então valeu!
9. “Porra”, palavras de baixo calão podem transformar seu texto numa “merda”.
10. Nunca generalize: generalizar é um erro em todas as situações.
11. Evite repetir a mesma palavra, pois essa palavra vai ficar uma palavra repetitiva. A repetição da palavra vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto em que a palavra se encontra repetida.
12. Não abuse das citações. Como costuma dizer um amigo meu: “Quem cita os outros não tem ideias próprias”.
13. Frases incompletas podem causar
14. Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto é, basta mencionar cada argumento uma só vez, ou, por outras palavras, não repita a mesma ideia várias vezes.
15. Seja mais ou menos específico.
16. Frases com apenas uma palavra? Jamais!
17. A voz passiva deve ser evitada.
18. Utilize a pontuação corretamente especialmente o ponto e a vírgula pois a frase poderá ficar sem sentido será que ninguém mais sabe utilizar o ponto de interrogação
19. Quem precisa de perguntas retóricas?
20. Conforme recomenda a A.G.O.P, nunca use siglas desconhecidas.
21. Exagerar é cem milhões de vezes pior do que a moderação.
22. Evite mesóclises. Repita comigo: “mesóclises: evitá-las-ei!”
23. Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha.
24. Não abuse das exclamações! Nunca!!! O texto fica horrível!!!!!
25. Evite frases exageradamente longas pois estas dificultam a compreensão das ideias nelas contidas e, por conterem mais que uma ideia central, o que nem sempre torna o seu conteúdo acessível, forçam, dessa forma, o pobre leitor a separá-la nos seus diversos componentes de forma a torná-las compreensíveis, o que não deveria ser, afinal de contas, parte do processo da leitura, hábito que devemos estimular através do uso de frases mais curtas.
26. Cuidado com a hortografia, para não estrupar a língúa portuguêza.
27. Seja incisivo e coerente; ou não…
28. Não fique escrevendo (nem falando) no gerúndio. Você vai estar deixando seu texto pobre e estar causando ambiguidade, com certeza você vai estar deixando o conteúdo esquisito, vai estar ficando com a sensação de que as coisas ainda estão acontecendo. E como você vai estar lendo este texto, tenho certeza que você vai estar prestando atenção e vai estar repassando aos seus amigos, que vão estar entendendo e vão estar pensando em não estar falando dessa maneira irritante.
29. Outra barbaridade que tu deves evitar tchê, é usar muitas expressões que acabem por denunciar a região onde tu moras… nada de mandar esse trem… vixi… entendeu, bichinho?
30. Não permita que seu texto acabe por rimar, porque senão ninguém irá aguentar, já que é insuportável o mesmo final escutar, o tempo todo sem parar.

Agora está na hora de começar a perder seu medo de escrever! Bons textos!

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